terça-feira, 12 de novembro de 2013

O GRANDE AMIGO: DOM MÁRIO ZANETTA


Foram incontáveis os encontros que tivemos como aquele velho moço, sempre apressado. Ele não tinha tempo a perder, não temia a luta, não reclamava. Corria contra o tempo porque parecia que seu tempo era limitado. Estava sempre de olho no relógio e nos compromissos marcados. Não se importava se era com gente importante ou com gente miúda. Para ele, todos eram da mesma forma importantes. Preocupava-se sobremaneira, com todos. Se fosse um casamento com pompa ou de um pobre assalariado, mudava somente a maneira de aconselhar. Não tinha medo de enfrentar os bridões da oligarquia, as línguas ferinas, foices e fuzis. Um homem destemido, guerreiro que conseguiu vencer todas as barreiras que se ergueram em sua frente. Testemunho vivo de bravura e tenacidade.

Devoto de Nossa Senhora de Fátima, defensor dos pobres, lenitivo dos feridos e doentes, protetor dos abandonados. Dom Mário Zanetta era assim. Uma fortaleza diante dos canhões, uma barreira de proteção dos pequenos filhos de Deus. Um homem que soube cultivar o amor dos filhos de toda esta região. Com amor acolheu os inocentes e cuidou dos velhinhos. Com dedicação abraçou os que lhe procuraram com sede de justiça. Foi, sobretudo, o maior exemplo de luta em prol dos necessitados, perseguidos e espoliados. Foi um verdadeiro amigo, pai, irmão e companheiro. Adormecia no tempo quando ouvia o clamor dos pobres e se apressava na busca de soluções para as camadas carentes da sociedade. Foi interlocutor, mediador e juiz de paz em milhares de problemas. Foi a nota da canção, a luz na escuridão e o sinal positivo nas soluções dos problemas de muita gente humilde. Deixou milhares de corações plangentes de dor e de pranto.

Deus o chamou na hora que mais precisávamos dele. Todavia, está no Céu, clamando por todos nós, intercedendo nas nossas súplicas e pedindo ao Pai que proteja a todos indistintamente. Esse amigo deixou saudades, deixou muitos afazeres e compromissos. Deixou em cada coração a certeza do dever cumprido e a esperança de que outros pastores virão continuar sua obra. Agora, este mesmo povo que chora a sua perda, sente saudades do pastor e do homem.

Aníbal Nunes – Gazeta da Bahia
30 de junho de 2008

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