segunda-feira, 16 de março de 2015

O SACRAMENTO DA ORDEM


Por: Seminarista José Neto Leal Matos, 2º Ano de Teologia 

 Deus na sua bondade e misericórdia nos deixou sinais visíveis da sua atuação no mundo por meio dos sacramentos da Igreja, que é a esposa imaculada do seu amado filho Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos reconciliou por sua morte e ressurreição.  O sacramento que iremos aprofundar um pouco nesse texto é o sacramento da ORDEM.
Do nascer ao morrer na história humana, nós que possuímos a imagem e semelhança de Deus nosso Criador, não caminhamos sozinhos, o cristão é um ser no mundo que tem a possibilidade de sempre andar acompanhado, protegido e amparado por Deus que jamais o abandona. É nessa lógica que os sacramentos instituídos por Cristo, e administrados pela Igreja, é no meio de nós o abraço e carinho do Pai. A origem do nome do sacramento da ORDEM vem do latim ordo, que significa ordem, organização, na Igreja designa justamente aquele que entra na hierarquia, na ordem sagrada, no número dos que oferecem o sacrifício de Cristo, por si e por todos.
Na quinta-feira, véspera da sua paixão Jesus quis instituir de maneira perpétua o memorial da sua paixão, morte e ressurreição. Em uma ceia costumeira de rito judaico, Cristo surpreende os seus discípulos por dois gestos, o primeiro de lavar os pés dos seus amigos, gesto esse que era reservado aos escravos, lavar os pés e se colocar a serviço, é estar atento às necessidades do próximo, outro gesto é na hora da refeição, Ele tem em suas santas e veneráveis mãos o pão, que distribuí entre os convidados dizendo que é o seu corpo que vai ser entregue, de um modo semelhante toma em suas santas mãos o cálice com vinho, afirmando que é o sangue da nova e eterna aliança, que será derramado, esses gestos deixam os discípulos perplexos, pois a ceia judaica em Cristo tem um novo significado, sentido esse que mais tarde a Igreja compreendeu como a presença real do seu Amado nas espécies do vinho e do pão. Esses gestos de Jesus estão no capitulo 13 de João.
O catecismo da Igreja Católica (CIC) ilumina a nossa compreensão em relação ao sacramento que configura o indivíduo a Cristo sacerdote, segundo o catecismo, a Ordem é o sacramento em que Cristo continua a sua missão no meio de nós, missão essa que foi confiada aos Apóstolos, e é exercida por toda a Igreja missionária no mundo inteiro, esse sacramento diferente dos outros está constituído em três graus, diaconato, presbiterato e episcopado, sendo que é no episcopado que esse sacramento tem a sua plenitude.
Os que podem receber esse sacramento na Igreja católica, só os varões, homens validamente batizados e crismados, que demonstram bom propósito para ingressar em tal ministério, as mulheres não podem ingressar na hierarquia, mas tem um papel importante na vida e missão da Igreja, é só olhar nossas comunidades que percebemos a sua importância, dedicação e exemplo em anunciar Jesus ao mundo. O fiel que almeja tal sacramento sente no coração o chamado de Deus para ser no mundo sinal do amor de Cristo por toda humanidade, aquele que recebe o sacramento da ordem faz às vezes de Cristo, age na Igreja e com toda a Igreja. Atua na pessoa de Cristo cabeça, o primeiro grau (Diaconato), faz com que o fiel perca a sua identidade de leigo, e participe das fileiras sagradas, é a dimensão do serviço, do exercício da Palavra de Deus. No diaconato existem dois estados: o permanente e o transitório. O estado de diaconato permanente está reservado aos casados com o consentimento da esposa, o transitório é justamente para o candidato ao sacerdócio que segundo as orientações do Direto Canônico vem a exercer esse ministério no mínimo seis meses antes da ordenação presbiteral.
O segundo grau é a ordenação sacerdotal, em que o diácono participa do sacerdócio de Cristo, neste grau o sacerdote pode administrar os sacramentos, e assumir em Cristo uma comunidade, tornando-se um cooperador do bispo, santifica e governa o seu povo, se configura de maneira íntima a Jesus, é chamado a ser um bom pastor, a administrar e cuidar de uma paróquia confiada a ele por seu bispo, deve obediência ao bispo, embora sendo limitado e fragilizado Cristo age nele, ninguém tem merecimento próprio para desempenhar tal ministério, é Deus que na sua bondade confia em nossa fragilidade e nos auxilia com a sua graça.

O terceiro e último grau é o episcopado, a plenitude do sacramento, aos padres que recebem o último grau do sacramento da ordem está reservado o grave dever de santificar, governar e ensinar, o bispo é o sumo sacerdote, ele é sucessor direto dos Apóstolos de Jesus, recebem de Cristo uma efusão especial do Espírito Santo, é por meio do bispo que emana na Igreja a graça do coração de Deus para a humanidade, por suas mãos novos sacerdotes são ordenados, e todo o povo de Deus é santificado, o bispo como nos ensina Santo Agostinho é a Igreja, não podemos esquecer que os bispos também tem as sua limitações humanas, porém são assistidos pela graça de Deus. Esses são os três graus do sacramento da ordem, que configura o candidato ao próprio Cristo sacerdote, profeta e rei. É pelo ministério ordenado que o ministério de Cristo na vida da Igreja se torna visível. A Igreja, não esquecendo o sacerdócio comum que todos os fiéis desempenham por meio do batismo, somos todos chamados a ser discípulos missionários de Jesus Cristo; os leigos tem a sua importância, podem e devem exercer a missão que recebeu no batismo, o ministério comum confere a cada batizado uma missão específica, o ministério ordenado concede ao indivíduo a possibilidade de exercer na comunidade as vezes do próprio Cristo, isso não o torna melhor ou superior aos demais, mas o coloca na condição de servo, se assim não for o indivíduo que recebe o sacramento da ordem não está sendo fiel ao seu mestre Jesus, que por excelência é manso e humilde. 
Em suma, o sacramento da ORDEM possibilita ao batizado a graça da configuração com Cristo, faz com que se torne servo, aquele que está na comunidade não para ser o centro, e sim para apresentar a vida ensinamentos e testemunho de Jesus sumo sacerdote, os três graus da ordem não se contrapõem, mas se completam, são os ministérios em que a Igreja foi enriquecida pela graça e misericórdia de Deus. Nos dias de hoje, homens fragilizados e limitados são continuamente chamados a abraçar a missão do ministério ordenado.

 Referências Bibliográficas                    

BÍBLIA de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2003.
CATECISMO da Igreja Católica. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 1997.
CÓDIGO de Direito Canônico. Tradução Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2003.

quarta-feira, 4 de março de 2015


O Dom da Caridade - Por: Dom Orani Tempesta

Neste tempo de Quaresma e da Campanha da Fraternidade é importante recordar que a nossa missão de solidariedade está baseada no amor fraterno, na caridade. Vivendo o ano da esperança em nossa arquidiocese e o ano da paz no Brasil refletir e colocar em prática a caridade que é um dom de Deus nos faz caminhar na construção da civilização do amor. Nesta cidade que completa 450 anos temos uma grande e importante missão: espalhar as sementes da boa notícia! E ao espalha-la somos chamados a ter atitudes que contagiem com o bem aos nossos irmãos!
 Caridade é um termo derivante do latim “caritas”, que tem origem no vocábulo grego chàris. Significa um sentimento de ajuda a alguém sem busca de qualquer recompensa. A prática da caridade indica uma pessoa boa e de moral correta. A doutrina católica classifica a caridade como uma das virtudes teologais (Fé, Esperança e Caridade), “pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas, por si mesmo, e a nosso próximo como a nós mesmos, por amor de Deus” (CIC. 1822). O Apóstolo São Paulo traçou um quadro incomparável da caridade: “A caridade é paciente, a caridade é prestativa, não é invejosa, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade” (1 Cor 13, 4-7). São Paulo também não mede suas palavras quando afirma “A caridade é superior a todas as virtudes. É a primeira das virtudes teologais” (CIC 1826). “Permanecem fé, esperança, caridade, estas três coisas. A maior delas, porém, é a caridade” (1Cor 13, 13).
Jesus fez da caridade o novo mandamento, quando disse “Este é o meu preceito: amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo. 15, 12). Por sua adesão total à vontade do Pai, à obra redentora de seu Filho, a cada moção do Espírito Santo, a Virgem Maria é para a Igreja o modelo da fé e da caridade. A visita de Maria, grávida, a Isabel numa região montanhosa foi um belo exemplo da sua caridade. O Papa Emérito Bento XVI publicou, no dia 7 de junho de 2009, uma carta-encíclica titulada: “Caritas in Veritate” (Caridade na Verdade). Nesta encíclica, a “caridade” é aplicada às realidades do trabalho, da economia e do desenvolvimento em geral. A caridade representa o maior mandamento social. Respeita o outro e seus direitos. Exige a prática de justiça, e só ela nos torna capazes de praticá-la.
A caridade é um amor elevado acima dos sentidos e da razão, pelo qual nos amamos uns aos outros pelo mesmo fim pelo qual Jesus Cristo amou os homens para fazê-los santos neste mundo e bem-aventurados no outro.
São Vicente, em toda sua vida terrestre, se dispôs a ajudar o próximo, desde a sua infância ele esteve lá, disposto a ser um instrumento da graça de Deus, que é a Caridade. E quem poderia imaginar que logo ele, aquele gastão, um dia se tornaria o Patrono Universal da Caridade. Que belas obras ele realizou, nunca obteve um sentido de arrependimento ao servir a quem mais necessitava à sua frente. Seu coração sempre esteve puro e disposto a ajudar, e eis a sua fórmula para os dias de hoje, em que nem sempre temos tamanha abertura ao irmão em Cristo.
A caridade é algo além fronteiras que mexe com o coração de cada um, seja ele rico ou pobre, negro ou branco, ocidental ou oriental, não tem escolhas, Deus não olha isto, e sim o amor que nos faz ir mais perto deles, os preferidos do Pai, os que mais necessitam, que estão à mercê da sociedade: Os Pobres.
Meditando sobre os Evangelhos, impressiona-nos a mensagem de Cristo fundada totalmente no amor aos irmãos, na caridade. Poucas vezes, o Divino Mestre fala do amor que devemos ter para com Deus. Do Pai, Ele sempre no-Lo apresenta como o doador de tudo, que nos ama a ponto de dar seu Filho à morte para a salvação dos homens.
Raras vezes, e foram sempre respostas aos fariseus e aos legistas, em que reafirmou o primeiro mandamento do amor a Deus, mas, logo a seguir completa-o o amor ao próximo, que lhe é semelhante. Ilustra-o na parábola do bom samaritano (Lc 10, 25-37).
As cartas do apóstolo João insistem no mesmo diapasão. Caqueticamente, e com clareza apostólica, afirma que aquele que diz que ama a Deus e não ama a seus irmãos é mentiroso. E continua que é muito fácil proclamar que amamos a Deus, a quem não vemos, mas se desprezamos o irmão que está a nosso lado, onde está a caridade, onde está o amor? (1Jo 4,20).
Paulo, na sua Carta aos Coríntios (1Cor. 13), proclama e exalta a caridade. Quase sabemos de cor o texto maravilhoso. Somos levados a interpretar este hino como o amor ao Pai Celeste. Mas, o apóstolo fala é da excelência do amor entre os irmãos. “Ainda que eu falasse todas as línguas dos anjos, ou tivesse toda a ciência, sem a caridade seria um bronze que soa” e cujo som se perde nas quebradas dos montes.
No dia do Juízo, quando o Filho do Homem, na sua glória, vier nos julgar, escreve o evangelista Mateus, Ele não nos questionará sobre o amor de Deus, sobre a nossa fé, sobre as coisas grandiosas que tivermos feito. O questionamento, e a glória decorrente, será sobre o nosso coração, se ele se abriu ou fechou sobre os pequeninos que moravam em nossas casas, no nosso bairro, na nossa comunidade.

Cardeal Orani João TempestaArcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)



quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Visita de Dom Zanoni a Faculdade Católica de Feira de Santana


   Nesta segunda-feira, 09 de fevereiro, o arcebisbo coadjutor Dom Zanoni Demettino, recém chegado na Arquidiocese de Feira de Santana realizou uma visita a Faculdade Católica de Feira de Santana. A visita teve como objetivo a apresentação de dom Zanoni através de um irreverente diálogo com os seminaristas das diversas dioceses que integram a Província Eclesiástica. 
   Alunos e professores dos cursos de Filosofia e Teologia puderam ouvir e interagir com dom Zanoni, sobretudo na perspectiva de como a Igreja, nas suas marcas e diversidades, pode contribuir na construção da busca pelo conhecimento que gera comunhão e vida na sociedade.
   Entre os diversos temas abordados, dom Zanoni convocava os presentes a um profundo testemunho, a partir da vocação sacerdotal que os seminaristas estão construindo na faculdade católica.
   Assim ele nos dizia: "Sem o diálogo com o outro, não seremos Sal da terra e Luz do mundo."

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma - 2015





    Na mensagem anual para a Quaresma, o Papa Francisco nos envia um itinerário espiritual que nos convida a fazer um percurso de "formação do coração", suas palavras são um forte apelo, que vem de Deus, para que como Igreja possamos dar passos concretos de conversão.

    Ele nos diz que Quaresma é "tempo de renovação para a Igreja, para as comunidades e para cada um dos fiéis, a Quaresma é  sobretudo um "tempo favorável" de graça (cf. II Cor 6,2).


    O bispo de Roma deixa-nos uma exortação para não cairmos na falsa ideia da fé que se constrói no isolamento, sozinha: "Se humildemente pedirmos a graça de Deus e aceitarmos os limites das nossas possibilidades, então  confiaremos  nas  possibilidades  infinitas  que  tem  de reserva o amor de Deus. E poderemos resistir à  tentação diabólica que nos leva a crer que podemos  salvar-nos e salvar o mundo sozinhos."


    Segue o link para a leitura do texto na íntegra, a todos uma santa Quaresma! 
Mensagem do Papa Francisco para Quaresma de 2015

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

A Família dos Amigos do Seminário

A Família dos Amigos do Seminário

Quem se faz amigo (a) do seminário, compromete-se pela formação dos futuros padres da nossa diocese. Estes amigos se tornam pais e mães que querem ver os nossos vocacionados ao sacerdócio formados e intelectualmente aptos, para enfrentar os desafios da missão.
Ser amigo do seminário é gesto concreto de comunhão com a Igreja de Cristo. Nesta colaboração, todos os que partilham daquilo que tem se compromete com o próprio Cristo, Senhor da Igreja.
Pela graça e a generosidade de cada contribuinte, podemos dizer que todos vocês são uma grande família, a família dos amigos do seminário.
A nossa diocese junto aos nossos seminaristas agradecem a todos pela generosidade.

Seminarista José Rodrigues
Seminário Maior Dom Mário Zanetta

Papa Francisco: A privatização da salvação é um caminho equivocado

Quem privatiza a fé ao se fechar em elites que desprezam aos outros não segue o caminho de Jesus, disse o Santo Padre na homilia de hoje. Ao comentar a Carta aos Hebreus, o papa Francisco afirmou que Jesus é “o caminho novo e vivo” que temos de seguir “de acordo com a forma que Ele quer”, porque “existem formas equivocadas de vida cristã”. 
    Jesus nos “dá o critério para não seguirmos os modelos errôneos. E um desses modelos equivocados é privatizar a salvação”. O papa afirmou que “é verdade que Jesus salva todos nós, mas não genericamente. Todos, mas cada um, com nome e sobrenome. Esta salvação é pessoal”. De fato, acrescentou ele, “eu sou salvo, nosso Senhor olhou para mim, deu a vida por mim, abriu esta porta, esta nova via para mim, e cada um de nós pode dizer ‘por mim’”.
   Existe o perigo, no entanto, de esquecer que Ele nos salvou de forma individual, mas dentro de um povo. “O Senhor sempre salva no povo. Desde o momento em que chama Abraão, ele promete fazer um povo. E nosso Senhor nos salva em um povo”. Por isso, o autor da Carta aos Hebreus nos diz: “Prestemos atenção uns aos outros”. A este propósito, Francisco ressaltou que “não há salvação somente para mim. Se eu entendo a salvação assim, me equivoco; me engano de caminho. A privatização da salvação é um caminho equivocado”. 
     Há três critérios para não privatizar a salvação, conforme o papa explicou na homilia: a fé em Jesus, que nos purifica; a esperança, que nos leva a ver as promessas e seguir em frente; e a caridade, o ato de prestar atenção uns aos outros para nos estimular nas boas obras. “Quando eu estou numa paróquia, numa comunidade, qualquer que seja, eu estou ali, eu posso privatizar a salvação e estar ali apenas socialmente. Mas, para não privatizá-la, eu tenho que me perguntar se eu falo, comunico a fé; falo, comunico a esperança; falo, pratico e comunico a caridade”, observou Francisco, indicando que, se numa comunidade não se fala, não se anima o outro a viver essas três virtudes, os componentes da comunidade privatizaram a fé. 
    Cada um busca a própria salvação, não a salvação de todos, a salvação do povo. “E Jesus salvou cada um, mas dentro de um povo, dentro da Igreja”. O Santo Padre também recordou que o autor da Carta aos Hebreus dá um conselho “prático” muito importante: “Não desertemos das nossas reuniões, como alguns têm o costume de fazer”. Isto acontece quando estamos numa reunião na paróquia, no grupo, e julgamos os outros: “Há uma espécie de desprezo pelos outros. E esta não é a porta, não é o caminho novo e vivo que nosso Senhor abriu, inaugurou”. 
    Assim, o bispo de Roma declarou que, “desprezando os outros, desertando da comunidade, desertando do povo de Deus, privatizaram a salvação: a salvação é para mim e para o meu grupinho, mas não para todo o povo de Deus. E isto é um erro muito grande”. Francisco definiu este erro como uma espécie de criação de “elites eclesiais” e advertiu que, “no povo de Deus, criam esses grupinhos, pensam que são bons cristãos, talvez tenham boa vontade, mas são grupinhos que privatizaram a salvação”. “Deus nos salva em um povo, não nas elites, que nós, com as nossas filosofias ou com a nossa forma de entender a fé, criamos. E estas não são as graças de Deus”. 
   O Santo Padre nos convida a perguntar-nos: “Tenho a tendência de privatizar a salvação para mim, para o meu grupinho, para a minha elite, ou não abandono o todo do povo de Deus, não me afasto do povo de Deus e estou sempre em comunidade, em família, com a linguagem da fé, da esperança e com a língua das obras de caridade?”. Ao terminar a homilia, Francisco pediu “que nosso Senhor nos dê a graça de nos sentirmos sempre povo de Deus, salvos pessoalmente. Isso é verdade: Ele nos salva com nome e sobrenome, mas dentro de um povo, não no grupinho que eu faço para mim”. 

 29 de Janeiro de 2015, Fonte: Zenit.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

A Arte do Começar!

A Arte do Começar!

A cada ano, os seminaristas do Seminário Maior Dom Mário Zanetta têm uma oportunidade única: começar, dar continuidade ao caminho iniciado! O verbo começar exige de cada candidato ao ministério ordenado um esforço incomensurável, esforço de trilhar a estrada certa, esforço de tomar a cruz e seguir os passos do Mestre que chama (cf. Mt 16,24). Esta arte de começar acontece todos os anos em nossa casa de formação, após um período de férias – momento de estar com a família, de rever os amigos e irmãos, de fazer novas amizades, de conhecer novos lugares, novas realidades – onde os seminaristas continuam o itinerário formativo, que consiste em um “emoldurar-se” a Cristo Bom Pastor.
Neste ano da graça do Senhor não é diferente. Os jovens, que deixaram tudo para seguir Jesus Cristo mais de perto, retornam para o Seminário, uns para continuar e concluir seu período de formação, outros para iniciar esta etapa tão rica para a vida da Igreja, e assim vai acontecendo. Deus nunca deixa de chamar, nunca deixa de escolher, somos escolhidos já bem antes de nascermos (cf. Jr 1,6). Neste longo caminho inicia-se mais um ano letivo em nossa Faculdade Católica de Feira de Santana, momento de aprofundarmos os nossos conhecimentos na pessoa e missão de Jesus Cristo. Esta etapa é imprescindível para a vida de todo seminarista “pois a dimensão intelectual, como as demais dimensões, orienta-se a formar pastores do Povo de Deus, a exemplo de Jesus Cristo”[1].

No silêncio dos corredores de um seminário, no silêncio da capela um padre é gerado, gerado para o serviço à Mãe Igreja e ao Povo de Deus, espalhado pelo mundo inteiro, espalhado em cada canto da Diocese de Paulo Afonso. Vale ressaltar as palavras que nosso pastor Dom Guido, em sua visita ao seminário proferiu: “O ser padre é o desenvolvimento de uma amizade com Cristo”, e é isso mesmo, ser padre não é fruto do acaso, mas vocação, que nasce da amizade com o Emanuel, não é fazer nossa vontade, mas a de Deus! É o “Fiat voluntas tua” – seja feita a vossa vontade, que rezamos todos os dias na oração do Senhor (cf. Mt 6,10).
                Somos convidados, portanto, a pedir ao Pai da Messe que envie trabalhadores que estejam disponíveis a ofertar sua vida, gastar os seus dias, sua juventude por amor, pela Igreja, pelos jovens, pelos homens e mulheres que necessitam da presença acolhedora e amiga de Cristo Jesus (cf. Lc 10,2). E assim, cada seminarista poderá dizer com firmeza e insistência ao próprio Amigo que chama: “Ecce ego, quiavocasti me!” – aqui estou porque me chamaste!
Peçamos à Virgem de Fátima que nos ajude neste caminho formativo, para que a Igreja tenha pastores segundo o Coração de Cristo, pastores autênticos e fiéis. Assim seja!

Seminarista Jeferson Galdino
4º ano de Teologia





[1] Diretrizes para a Formação dos Presbíteros da Igreja do Brasil, n. 310, p. 155.