Por Jeferson Galdino de Oliveira Lima[1]
O
Sumo Pontífice Bento XVI, em sua exortação apostólica pós-sinodal Sacramentum Caritatis faz uma reflexão
sobre o Sacramento da Caridade. Por ser a doação total de Jesus Cristo aos seus
amigos, é o amor maior, o alimento no qual está contido a plena verdade e a
autêntica liberdade que o ser humano pode alcançar.
Bento
XVI vem aprofundar pontos baluartes da fé cristã, dentre eles: Beleza e
liturgia, arte da celebração e o canto litúrgico. Salienta que é imprescindível
viver a Eucaristia como mistério da fé autenticamente celebrado, mostrando
assim, que a fonte da fé cristã e da liturgia eucarística parte de um mesmo
acontecimento que é a doação que Cristo fez de si próprio no mistério pascal.
Com
relação à beleza e a liturgia, o papa vem enfatizar que estão justapostas entre
si. Um dado interessante que ele apresenta é que a beleza de Cristo atrai de
uma maneira profunda e não como um mero esteticismo, por ser a verdade que
alcança toda a criatura, a qual atrai o ser humano à sua verdadeira vocação, o
amor. Outrossim, sustenta que a beleza não é um fator decorativo da ação
litúrgica, mas seu elemento constitutivo, enquanto atributo do próprio Deus e
da sua revelação.
O
Santo Padre mostra a necessidade de superar a separação entre a arte da
celebração, que é a arte de celebrar retamente e a participação plena, ativa e
frutuosa de todos os fiéis. Apresenta o bispo como o liturgista por excelência
da sua Igreja local, de acordo com a Sacrossanctum
Concilium, 41, bem como, suas funções enquanto o litúrgo. Apresenta ainda o valor que se deve ter com
as normas litúrgicas, como por exemplo: a harmonia no rito, nas vestes
litúrgicas e no lugar sagrado.
Sendo
bastante profundo, mas ao mesmo tempo apresentando uma rica simplicidade em sua
exortação, o papa Bento XVI traz a importância para uma correta arte da
celebração, que é a atenção a todas as formas de linguagem previstas na
liturgia, como por exemplo: palavra e
canto, gestos e silêncios, movimento do corpo, cores litúrgicas dos paramentos.
Segundo ele, a liturgia possui por sua natureza diversos níveis de comunicação
que lhe permitem cativar o ser humano na sua totalidade. Por isso, o papa vem
mostrar a importância da simplicidade dos gestos e a sobriedade dos sinais que,
segundo ele, comunicam e cativam mais do que o artificialismo de adições
inoportunas.
Outrossim,
é apresentado na exortação apostólica a importância da atenção e da obediência
do próprio rito, o qual manifestam a vontade que o ministro tem de acolher com
gratidão o dom inefável do próprio sacramento. Outro dado importante que é
levantado na presente exortação é a profunda ligação entre a beleza e a
liturgia, que por sua vez, devem levar o homem a considerar todas as expressões
artísticas colocadas ao serviço da celebração.
O
Sumo Pontífice sustenta também a importância da arquitetura das igrejas que tem
como finalidade oferecer à Igreja que celebra os mistérios da fé, o espaço mais
digno, mais idôneo. A natureza do templo cristão define-se precisamente pela
ação litúrgica nele celebrada. Ressalta ainda a importância da arte sacra, como
a pintura, a escultura e a iconografia. Sustenta que “é indispensável que, na
formação dos seminaristas e dos sacerdotes, se inclua, entre as disciplinas
importantes, a História da Arte com especial referimento aos edifícios de culto
à luz das normas litúrgicas” [2]. E
que: “é necessário que tudo o que tenha a ver com a Eucaristia, haja gosto e
beleza” [3].
Por
fim, Bento XVI mostra a importância do canto litúrgico. Mostra que em sua
história a Igreja criou e continua a criar, música e cânticos que constituem o
patrimônio da fé e do amor. Vale ressaltar ainda, que em liturgia não vale
qualquer tipo de canto, mas torna-se imprescindível a escolha de cânticos que
estejam de acordo com o mistério celebrado, respeitando assim o real sentido da
liturgia. Pede uma valorização pelo canto gregoriano e sustenta que é o cântico
próprio da liturgia romana.
Percebe-se,
portanto, que em sua reflexão, o papa Bento XVI busca mostrar quão rica e
profunda é a liturgia da Igreja, com seus ritos, gestos, cânticos e símbolos,
os quais levam o ser humano para além do que ele possa imaginar. E com isso
podemos afirmar com Santo Agostinho que “o homem novo conhece o cântico novo
(...) manifestação de alegria e um sinal de amor”.
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