quarta-feira, 6 de março de 2013

O bálsamo da amizade


A amizade é sem duvida um dom de Deus e, ao mesmo tempo, o fruto do nosso empenho, da nossa dedicação. Como dizia Saint Exupéry, o amigo, a amiga é como uma flor que deve ser cultivada com carinho e dedicação. A nossa felicidade e a nossa vida humana depende muito dos amigos e amigas que conseguimos encontrar ao longo dos anos. Se é verdade que a amizade é um dom de Deus, ao mesmo tempo, porém, é também verdade que a amizade é fruto do nosso empenho. Um amigo, uma amiga precisa de tempo, atenção. Não podemos pensar de ter amigos se vivemos fechados no nosso mundo, ou passando o nosso tempo teclando na internet. Amigo, amiga é aquela pessoa que olho nos olhos, que aprendo a reconhecer dos detalhes, dos indícios que percebo na sua pessoa.

Quando Deus disse nas primeiras paginas da Bíblia: “Deus criou o homem a sua imagem, homem e mulher os criou” apontou o caminho da humanidade, que é o caminho da relação, da comunicação entre as pessoas. “Não é bom que o homem esteja só”. É outra frase que aponta o mesmo caminho da relação e da comunhão. O problema nessa altura é entender o tipo de relação que somos chamados a realizar, ou seja, entender o caminho das relações que nos humanizam, que preenchem a nossa humanidade. Não basta, de fato, falar com alguém para ser amigo. Quantas relações que criamos são superficiais porque não investimos nelas, mas são amiúde manchadas pelos interesses pessoais!
Os amigos e as amigas verdadeiras resistem ao tempo. Foi aquilo que experimentei nestes dias. As pessoas se tornam amigas quando aprendem a partilhar a própria interioridade e isso exige tempo e, sobretudo a capacidade de lidar com isso. Quantas pessoas encontramos na nossa vida que não sabem ir além de um sorriso, que não conseguem partilhar a própria interioridade, porque dificilmente dedicam tempo a si mesmos? Quem se acostuma a viver ao nível material da existência dificilmente conseguirá arrumar amigos, amigas. Ainda mais podemos dizer: quem não tiver uma boa e sadia vida espiritual dificilmente poderá ser um bom amigo, uma boa amiga.

É nesse sentido e por este caminho que descubro o valor da minha vida, da minha identidade de padre. Quantas pessoas me procuraram nestes dias para conversar, para partilhar os próprios sentimentos, para pedir um conselho. Somente quem é acostumado a trilhar os caminhos profundos da alma poderá ajudar as pessoas a caminhar nas veredas da história. Desde a adolescência faço isso. Que lindo foi receber ligações para passear nas trilhas das colinas da minha cidade para conversar, abrir o coração, provocar uma resposta. Enquanto recebia estas ligações dentro de mim me perguntava: porque estas pessoas esperaram tanto tempo para conversar de si mesmas?  É neste contexto que descubro o sentido da minha chamada, da minha vocação: ser instrumento de Deus para ajudar as pessoas a se encontrar consigo mesmo. É exatamente neste contexto que Deus me chamou, valorizando o especifico da minha vida. É neste contexto que me sinto sereno, em paz comigo mesmo. 

Pe. Paolo Cugini

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