segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Espiritualidade Beneditina no Pontificado de Bento XVI


A espiritualidade beneditina sempre foi marcante no Pontificado do Papa Bento XVI, desde a escolha do seu nome até a data da declaração de sua renúncia. O costume do Papa escolher outro nome para o Pontificado existe desde o final do século X. Devoto de São Bento, Joseph Ratzinger adotou o nome do santo para a missão que teria início em 2005.
Para o Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, que viveu no monástério por quase 30 anos antes de ser nomeado bispo, a escolha definiu a missão de Bento XVI: “como São Bento, estar em um tempo de ‘mudança de época’ e, ao mesmo momento, com catequeses e vivências profundas numa vida de oração e pregação, fortalecer a fé do nosso povo”.
O próprio brasão escolhido por Bento XVI indica a presença da espiritualidade beneditina, como explica a Santa Sé: “O escudo adotado pelo Papa Bento XVI tem uma composição muito simples: tem a forma de cálice, que é a mais usada na heráldica eclesiástica. No seu interior, variando a composição em relação ao escudo cardinalício, o escudo do Papa Bento XVI tornou-se: vermelho, com ornamentos dourados. De fato, o campo principal, que é vermelho, tem dois relevos laterais nos ângulos superiores em forma de ‘capa’, que são de ouro. A ‘capa’ é um símbolo de religião. Ela indica um ideal inspirado na espiritualidade monástica, e mais tipicamente na beneditina”.
O abade do Mosteiro de São Bento, em São Paulo, Dom Mathias Tolentino Braga, contou à nossa equipe que durante a visita de Bento XVI ao mosteiro, em 2007, o Papa lhe disse que, quando criança, morava próximo a um mosteiro e, em um momento de sua juventude, havia sentido um grande desejo pela vocação monástica, e nesses dias em que ficou hospedado no mosteiro, em São Paulo, voltou a sentir esse desejo.
Dom Mathias comentou isso com algumas pessoas, mas acreditava ser uma gentileza do Papa pela hospedagem. Porém, após o anúncio da renúncia e da notícia de que Bento XVI irá morar no Mosteiro no Vaticano, o abade entendeu a sinceridade daquelas palavras.
Dom Orani destaca que também a data da renúncia de Bento XVI tem um sentido especial. Embora o anúncio tenha sido feito no dia 11, a declaração foi assinada no dia 10 de fevereiro, dia de Santa Escolástica, irmã de São Bento. Também a escolha da clausura de um mosteiro para continuar servindo a Igreja denotam a espiritualidade beneditina de Bento XVI.
Segundo Dom Orani, com essa decisão, o Santo Padre vivenciou um pouco do que apresenta a regra de São Bento. “O Patriarca São Bento e toda a tradição monástica ensinam que após uma vida de provações e de lutas, bem adestrados nas fileiras fraternas, o monge pode assumir a vida ‘eremítica’ (cf. Regra de São Bento, c. 1), afirmou o arcebispo, enfatizando que, nesse sentido, Bento XVI foi coerente com o que é sua espiritualidade.

Kelen Galvan
Redação da Canção Nova - Arquidiocese do RJ

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